"Lc 10"
O BOM SAMARITANO
A parábola do bom samaritano
mostra-nos o amor misericordioso como o único meio de obter a vida eterna.
Engana-se quem pretende alcançar este objetivo mediante a prática minuciosa dos
mandamentos, a busca da pureza ritual, o respeito às tradições, se tudo isto
carecer do respaldo da vivência da misericórdia. Seguramente, o primeiro a ser
questionado pelo ensinamento de Jesus e ver-se obrigado a mudar de mentalidade
foi o mestre da Lei, que pretendia colocá-lo à prova. A parábola apresenta-nos
alguns aspetos da misericórdia, como Jesus a entendia. O samaritano põe-se a
ajudar um judeu, sem se importar com as rixas que sempre existiram entre os
dois povos, mostrando, assim, que a verdadeira misericórdia é dirigida a todas
as pessoas, sem exceção. O assistido pelo samaritano é alguém exfoliado, vítima
da maldade humana, jogado à beira do caminho, como algo sem valor. Isto mostra
que a misericórdia deve dirigir-se mormente aos pobres e deserdados deste
mundo. O samaritano muda todos os seus planos, ao deparar-se com alguém
necessitado de sua assistência.
Essa atitude indica que a
misericórdia exige que deixemos de lado nossos programas e esquemas, ao nos
depararmos com o irmão carente. O samaritano faz todo o possível e ainda se
oferece para custear a hospedagem de seu assistido. Isto sugere que a
misericórdia desconhece limite, indo além de quanto se possa previamente
imaginar. Os mestres da lei sempre procuravam confundir Jesus, porém Ele ia
muito mais além do convencional para fazer com que transparecesse a mensagem
evangélica: Amar o próximo é acolher quem se aproxima de você para
ajudá-lo, e ao mesmo tempo envolver-se com aquele que você encontra necessitado
e só tem você para socorrê-lo.
São duas vias, são duas
situações: às vezes somos o necessitado, em outras somos nós os bons
samaritanos ou os donos da hospedaria. Nunca seremos autossuficientes,
pois precisamos de um próximo para que recebamos a herança da vida eterna. Em
qualquer situação que nos encontrarmos, como necessitados ou como colaboradores
somos convocados pelo Senhor a amar o próximo como a nós mesmos. Às vezes nós
ajudamos as pessoas e as socorremos por obrigação ou a contra gosto, porém a
própria Palavra do Evangelho nos esclarece: o próximo “é aquele que usou de misericórdia
para com ele”.
A misericórdia, então, é o
sinal para que nós possamos ser “o próximo” de alguém. Agir com
misericórdia é fazê-lo por amor a Deus. É acolher a miséria do outro com o amor
de Deus e não somente com o nosso amor imperfeito e interesseiro. A narração de
Jesus ensina que viver agora, e sempre, como povo de Deus, significa demonstrar
compaixão, mesmo quando nos incomoda, mesmo quando isso faz nossa vida
tornar-se impura, mesmo quando desafia nossa compreensão tradicional e, até
mesmo, quando nos custa algo pessoalmente. Isso é o que Jesus está nos dizendo:
Vá e faça o mesmo.
CONCLUSÃO
Esta parábola descreve a bondade e o amor que nosso
Salvador tem para com o homem caído e infeliz. Nós éramos como esse pobre,
aflito viajante. Satanás, nosso inimigo, havia nos assaltado, despojado,
ferido. Estávamos por natureza mais que semimortos em nossos delitos e pecados;
completamente incapazes de nos salvar, pois não tínhamos forças. A lei de
Moisés, como o sacerdote e o levita, não tem compaixão de nós, não nos oferece
alívio, passa ao largo, não tendo piedade nem poder para nos ajudar. Mas eis que
veio o abençoado Jesus, o Bom Samaritano. Ele teve compaixão de nós; Ele cuidou
das nossas feridas; Ele derramou sobre elas o azeite(Espírito Santo) e vinho
(Seu próprio sangue na Cruz) e nos hospedou em uma estalagem(Igreja) o nosso
grande abrigo para nos recuperarmos.
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