O Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) anunciou a descoberta de uma nova partícula, que pode ser o procurado Bosón de Higgs, embora ele ainda não possa confirmar a informação com certeza científica. Mas foi uma grande descoberta para a Física das partículas, segundo o diretor-geral do CERN, Dr. Rolf Heuer, que ontem, dia 4 de julho de 2012, disse que se trata de um avanço “histórico” a descoberta dessa nova partícula consistente com o Bosón, chave para entender a formação da massa e do Universo.
Há uma teoria, conhecida por Modelo Padrão da 
Física, proposto por Einstein, que classifica as partículas fundamentais e suas 
interações. Todas as partículas e interações do Modelo Padrão já foram 
detectadas, exceto a partícula Bóson de Higgs. Acredita-se que este 
Bóson é o responsável por determinar a massa de todas as outras partículas 
fundamentais.
É preciso muita energia para se determinar o Bóson, daí a 
necessidade de um acelerador tão grande. Ela está no intervalo entre 115 e 200 
bilhões de elétron volts (eV) — uma unidade para medir a energia ou a massa de 
partículas na Física. É uma partícula difícil de ser detectada. Se os cientistas 
a encontrarem, isso quer dizer que o Modelo Padrão da Física está correto. Mas, 
se ela não existe, será preciso pensar em uma forma de explicar a natureza 
completamente diferente do que temos agora. Essas pesquisas são realizadas no 
maior acelerador de partículas do mundo, o “Grande Colisor de Hádrons” 
(Large Hadrons Colisions – LHC), um anel de 27 quilômetros, que fica 
100 m abaixo da superfície, em Genebra, na Suíça. É a maior máquina humana já 
construída, custou cerca de 10 bilhões de dólares.
Um acelerador de partículas é construído para 
esmigalhar partículas atômicas, chocando umas contra as outras a velocidade 
próxima a da luz. O objetivo é determinar as partículas fundamentais da 
natureza, aquelas que não podem mais ser divididas. O LHC não foi feito para se 
recriar as condições do Big Bang, como se divulgou; ele criará um ambiente 
físico parecido com o existente logo depois dos primeiros instantes do Big 
Bang.
No século XIX, o padre jesuíta George Lamaitre, 
astrofísico, baseado nas descobertas da expansão do universo e das medidas do 
astrofísico Hubbles, propôs o início do universo com a teoria do Big Bang; uma 
grande expansão que começou, pelo cálculo dos físicos, há 13,7 bilhões de anos. 
Esta é hoje a melhor explicação da origem do universo.
O Dr. Peter HIggs, por volta de 1960, estudando o 
fenômeno chegou à conclusão de que era necessário que existisse uma partícula 
que ficou sendo chamada de Bóson de Higgs, a fim de explicar como, no 
Big Bang, surgiu a massa da matéria do universo. A detecção do Bóson de 
Higgs provaria, então, a existência de um campo invisível que supostamente 
permeia todo o Universo, como sendo a forma como a matéria obteve massa depois 
do Big Bang. Segundo essa teoria, o Bóson foi o agente que possibilitou o 
desenvolvimento das estrelas, dos planetas e da vida, ao dar massa às partículas 
mais elementares. Daí o nome de “partícula de Deus”.
Se o Big Bang ficar confirmado, pode ser 
entendido como sendo o ato criador pelo qual Deus deu origem ao universo. Isto 
não será uma prova da existência de Deus, nem mesmo será para os descrentes que 
Ele é o criador do universo; mas, para os que creem será algo maravilhoso, pois 
saberemos um pouco mais como Ele criou tudo. Como disse o Dr. Heuer, “isto 
representa um avanço fenomenal em nossa compreensão da natureza”. Além disso, a 
descoberta do Bóson jogará uma luz sobre outros mistérios do Universo.
A Igreja participa de tudo isso com muito 
interesse. Em 2009, houve um defeito no LHC e o Vaticano participou do seu 
conserto. Houve uma parceria entre seu laboratório de astronomia, o La Specola, 
e o CERN para reativar o acelerador de partículas LHC. O cardeal Giovanni 
Lajolo, presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, 
visitou o CERN, em Genebra, em 2009. Ele se reuniu com o diretor-geral do 
centro, Rolf Heuer, e disse que “o conhecimento sobre a origem do universo não 
pode deixar de interessar também a quem lida com as relações entre a fé e a 
razão”. É a união entre a ciência e a fé.

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